Quando o assunto é contabilidade, há empresas que favorecem a sua gestão ao optarem pelo centro de custos, controlando receitas e despesas em cada unidade ou área do negócio. Outras, em razão da atividade exercida, têm nessa particularidade uma exigência legal. No caso de quem ergue edificações, valem as duas razões. É por isso que um plano de contas para construção civil demanda atenção especial do empreendedor.
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O centro de custos na construção civil
A contabilidade na construção civil possui particularidades que a tornam tão ou mais complexa que a maioria dos outros setores da economia. A partir daí, há dois recados claros para quem empreende na área: primeiro, que não pode abdicar de um contador; segundo, que precisa fazer parte do processo.
Procurar um profissional da área contábil, aliás, é o primeiro passo para elaborar um plano de contas para construção civil, recomenda Francisco Coutinho Chaves, contador e advogado tributarista, autor do livro Contabilidade Prática na Construção Civil.
Ele reforça, no entanto, que não se trata de terceirizar uma obrigação da empresa e virar as costas para ela. “Tenho falado muito da importância dos empresários terem conhecimento contábil, nem que seja o básico, independentemente do ramo de atuação, para acompanhar e cobrar os trabalhos executados”, diz.
Para compreender o básico do significado de centro de custos, vale traçar uma analogia com uma residência. Como você sabe, ela possui diferentes cômodos, como sala, cozinha, quarto e banheiro. Uma forma de implantar um controle de despesas mais eficaz é considerar os gastos em cada um deles separadamente e, depois, aplicar ao todo. Nessa lógica, cada cômodo é um centro de custos.
Trazendo à realidade da construção civil, cada obra desenvolvida pela empresa adquire também essa denominação na análise contábil. Mas não apenas isso: as áreas administrativas da empresa também são assim classificadas. Se tiver filiais, idem – o que reduz a complexidade no caso de pequenos negócios, cuja presença desse tipo de estrutura é rara.
A diferença básica entre o exemplo da residência e a construção civil é que, no segundo caso, cada centro de custos gera também receitas – afinal, sem faturamento, não há empresa que sobreviva.
Como fazer um plano de contas para construção civil
O plano de contas exerce em uma empresa de construção civil papel semelhante ao do fluxo de caixa em qualquer negócio. Por isso, é uma ferramenta fundamental para o controle financeiro, servindo de base para as demonstrações contábeis.
Sua elaboração, como já dito, deve ficar a cargo do contador, pois demanda um conhecimento especializado que dificilmente o empreendedor terá, considerando que até mesmo o formato tradicional de balancete (com a análise de receitas e despesas) perde espaço para a contabilidade por centro de custos.
Segundo Coutinho, esse trabalho é disciplinado por resoluções do Conselho Federal de Contabilidade (CFC), que são eventualmente atualizadas. Ou seja, não basta conhecer o que a legislação prevê, mas também acompanhar as mudanças. Todas as regras, porém, tem como ponto de partida as leis federais de número 11.638/2007 e 11.941/2009.
Embora o instrumento de controle atenda a uma obrigação legal de prestação de contas com o Fisco, não é somente dessa forma que o empreendedor deve enxergá-lo, pois tal balanço traz informações fundamentais para qualificar a gestão do negócio, permitindo ajustes em cada obra ou na empresa como um todo, em escala macro.
Há diversos modelos de plano de contas para construção civil disponíveis na internet, como nos sites dos conselhos regionais de contabilidade.
Antes de aplicar à risca um modelo na sua empresa, é importante entendê-lo apenas como uma base desse processo, já que características específicas do negócio exigem abordagens diferenciadas.
Há, no entanto, elementos comuns à maioria dos planos de contas, compreendendo os ativos (circulantes, realizáveis, permanentes, imobilizados, etc.), os passivos (circulantes, exigíveis, etc.), o patrimônio líquido, as receitas e os custos operacionais e não operacionais, técnicos e complementares, entre outros.
Da mesma forma, um só modelo pode ser aplicado a cada centro de custos, mas o mais comum é que isso demande adaptações. “É muito importante analisar cada situação para fazer os ajustes necessários na elaboração do plano de contas para cada centro de custos”, destaca Coutinho.
Segundo o contador e advogado, outra dica importante quando da elaboração do instrumento de controle é usar o meio termo, ou seja, não ser nem muito analítico e nem muito sintético. “Os principais erros estão sempre nesta definição”, considera.
Quais são meus ativos e passivos?
Agora que já está mais claro o que é um plano de contas que considera centro de custos na construção civil, vale entender quais receitas e despesas são contempladas no demonstrativo contábil. Confira:
Exemplos de ativos
- Clientes
- Créditos diversos
- Bens móveis e imóveis
- Maquinário e ferramentas
- Veículos
- Estoque
- Aplicações financeiras.
Exemplos de passivos
- Fornecedores e empreiteiros
- Fundos de depreciação
- Débitos diversos
- Obrigações trabalhistas
- Obrigações tributárias
- Financiamentos.
Exemplos de custos
- Materiais de construção
- Mão de obra
- Combustíveis
- Água e energia elétrica
- Seguros
- Publicidade
- Viagens
- Retiradas pró-labore
- Tributos
- Juros.
Exemplos de receitas
- Construções com vendas
- Obras
- Venda de materiais usados
- Juros sobre vendas
- Descontos de fornecedores
- Resultados sobre vendas e aplicações financeiras.
Considerações finais
Como você pôde ver neste artigo, a metodologia de centro de custos é mais do que uma obrigatoriedade legal para quem empreende no setor de construção civil: é uma estratégia que pode trazer melhores resultados na gestão do negócio.
Se você ainda tem dúvidas sobre a elaboração do plano de contas, consulte seu contador. É dever do profissional manter o empreendedor informado sobre o processo, sua análise e resultados.
Mas não deixe de exercer o seu papel, fornecendo todas as informações que ele precisa para traçar um balanço fiel à realidade da empresa, pois só assim será possível cumprir com suas obrigações com o Fisco e identificar necessidades de ajuste na condução do empreendimento.
E aí, ficou com dúvidas sobre a aplicação do modelo de plano de contas para construção civil? Comente.
Fonte: Blog Conta Azul